‘Porra bicho! Que dor é essa no meu ouvido?’
– foi a primeira pergunta, feita a primeira pessoa do singular e na primeira
Segunda-Feira do mês de agosto.
- (...) – foi o que obtive como resposta.
Claro! Eu perguntei a mim mesmo e, se eu
soubesse a resposta, provavelmente não teria feito à pergunta.
Tudo bem. Resolvi continuar o dia sem
pensar no que me incomodava, afinal, sou mestre na arte de não me importar com
as coisas e com suas possíveis consequências. Talvez eu até tenha um pé na
Ataraxia. (o google tá aí para as dúvidas)
Seguindo a primeira rotina que criei
para a primeira vez que fiquei desempregado, levantei da cama, tomei o primeiro
remédio do dia para a primeira - e única até agora – doença que me surgiu,
degustei com desejo o primeiro banho do dia e fui para academia pela primeira
vez nessa semana.
‘Porra bicho! De onde saiu tanta gente?’
– foi a segunda pergunta, feita a terceira pessoa do plural e no segundo lugar
que eu comparecia nesse dia tão estranho.
- (... haha) – foi o que obtive como
segunda resposta para minhas dúvidas.
Claro! Todos resolveram mudar de horário
e todos resolveram treinar costas no mesmo dia em que tonifico o lugar de minha
tatuagem. Genial. Brasileiros adoram filas - agora até em aparelhos de academia.
Tudo bem. Como não ligo para ordens e
sequências, apenas mudei os exercícios e não me deparei com ninguém nas
máquinas que pretendia usar.
Voltei do treino cansado, cavei um
buraco para plantar uma árvore que minha mãe tanto pediu – Manaka? Desconheço abruptamente
espécies de árvores e plantas (o google tá aí para as dúvidas, mas não irei lá
agora) – e, feito isso, resolvi abrir minhas caixas de e-mail. Primeiramente abri o Gmail – em vão como todas as outras
vezes e, por isso, só o abro uma vez -, depois o Hotmail – e-mails da faculdade como todas as outras vezes e, por isso, só o
abro uma vez – e, para finalizar, o Yahoo – onde deixo o que mais me importa e
minhas responsabilidades e, por isso, também só o abro uma vez – mas ali havia
algo que me interessou.
‘Porra bicho! Como pode ter tanta coisa
para arrumar?’ – foi a terceira pergunta, feita para a primeira e para a
terceira pessoa do singular, ao ler terceira correspondência virtual e na
terceira caixa de e-mails que abri.
Coincidência? Não acredito.
- (08 linhas do que deveria ser alterado)
– foi o que obtive como resposta para o meu segundo projeto de mestrado,
enviado ao primeiro professor com o qual identifiquei minha linha de pesquisa.
Claro! Desenvolvo meus projetos por
conta e risco, sem auxílio e fico feliz que tenha erros – seria desgastante não
errar e, com o tempo, não poder errar. Muita cobrança para uma pessoa tão
pequena. Prefiro o luxo de poder consertar.
Tudo bem. Ele me elogiava no final –
disse que identificava um grande potencial em minha pessoa e que não deveria
desistir – e, se eu não errasse, não haveriam elogios no ‘gran finale.’
Sentei, li novamente meu trabalho e...
não fiz nada. Resolvi que hoje vou curtir minha dor no ouvido, praguejar os
Estados Unidos da América nas Olimpíadas, comemorar a primeira medalha de ouro
do Brasil nas argolas, torcer pela segunda, me impressionar com a China, com a
Coréia e com o Japão com suas ‘máquinas’ e reclamar que estou desempregado.
A vida é curta demais para vivermos apenas
trabalhando, longa demais para vivermos sem um trabalho, boa demais para que não
possamos ter uma ou outra dor, ruim demais se não pudermos esquecê-las e chata
demais se sempre estivermos certos e os outros sempre errados.
Ah é, já ia me esquecendo. Não ligo
também para primeiro, segundo, terceiro... milésimo. Fiz a brincadeira por
causa das Olimpíadas. Sou o segundo filho, 12º no primeiro vestibular, 16º no
segundo e 10º no terceiro. Já fui 28º em um concurso público, 10º em outro e, no
mais recente, 1500º (o google tá aí caso não acreditem). Fui o primeiro de umas
duas e o centésimo de outras tantas. O primeiro livro que li era de piadas, o
segundo era didático e os melhores estão em últimos colocados.
Então, faça como os livros, se não for o
primeiro, seja o melhor.
Bife's
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