Hoje os versos não seriam suficientes. Corri do
Facebook, retomei o blog. Menos leitores, mas pouco importa, são os verdadeiros
que leem por aqui. E são estes os importantes, que crescem comigo, que gostam
do que eu gosto.
O que pensei hoje e me fez vir até aqui foi a reflexão
das linhas tênues que existem em nossas vidas, quando uma coisa deixa de ser
uma coisa e se transforma em outra, sem que percebamos. Complexo, ao menos para
mim.
A clássica pergunta do enlouquecer. “A linha tênue
entre lucidez e loucura”. A loucura que não é visível aos olhos do louco,
somente aos olhos da sociedade que estereotipou o ‘louco’ e o crucificou por
ser dessa forma.
Onde ocorre essa mudança? Em que momento perdemos os
sentidos? Talvez sejamos loucos e nem saibamos. Engraçado pensar nisso.
Quando uma amizade deixa de ser somente amizade e
vira paixão, amor?
Quando a pessoa mais legal da roda começa a ficar
chata com sua falação?
São perguntas que não fazemos...
Em que momento achamos normal atravessar a linha que
nos permite julgar os outros sem antes termos olhado para dentro de nossas
vidas?
Talvez seja a nossa natureza, ou parte dela. Talvez
os grandes pensadores tenham a resposta para essas perguntas. Sentimos a
necessidade de sermos iguais, de encontrar os nossos semelhantes e, ao mesmo
tempo, queremos ser diferentes dos nossos iguais, para termos destaque e nos
sobressairmos. Por isso, talvez, fazemos nossos julgamentos e apontamos nosso
dedo. Menosprezamos e nos colamos acima, ao invés de nos colocar ao lado e
crescermos juntos.
Em certa fazenda, de certo livro eu já vi essa história.
Nunca somos o suficiente, nunca os outros nos são
suficientes. Sempre falta e num mundo que sempre falta, não nos sentiremos
completos tão cedo. Não atravessaremos a tênue linha do existir para o ser,
porque isso é apenas para os que são completos. Que mesmo sem nada possuem
tudo. E como atravessaram essa linha? Como chegaram a tal estado de libertação
mental e material?
Talvez pularam para o lado de lá da linha do
verdadeiro entendimento e desprendimento.
Nesse mundo de tantas linhas, de seres incompletos,
mesmo sem terem nenhum espaço sobrando, de pessoas cheias de se sentirem
vazias, de insuficiência e falta de gratidão, os humanos que conseguiram se
desprender vão se tornando grandiosos, obtendo conquistas e realizando sonhos,
porque cada suspiro é uma dádiva, cada passo um sonho realizado, cada abraço um
agradecimento, cada riso a mais sincera gratidão.
Atravessando a linha onde os julgamentos dos outros
importam, a linha que nossa arte é feita para terceiros aprovarem, que nosso
trabalho é para construir um império. Feito isso, cada tijolo colocado é a
consagração, a elevação e a plena realização da existência. Mas essa é a minha
natureza.
Bife's
Um comentário:
Sobre a loucura eu diria que é aquilo que o indivíduo não aceita como parte do seu "coletivo"
Normalmente escuto algumas pessoas mais velhas dizerem várias vezes a palavra loucura quando se refere ao mais novo, usa sua realidade sábia como água divisora do certo e errado.
Enfim, todo quebra de paradigma é dito como loucura
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