terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pontos de vista

Sempre que começo a fazer algo de relativa importância como: TCC, estudar para concursos públicos, sair para arrumar emprego etc, me surge uma vontade extremamente grande de escrever. Penso que seja uma fuga das obrigações, convenções e responsabilidades. Isso aconteceu agora, quando me deparei com uma correção que exigiria muita leitura para refazer a ideia de um parágrafo do meu Trabalho de Conclusão de Curso.

Quando comecei a escrever, a ideia central era me libertar de sentimentos ruins que me afligiam. Com o passar dos anos o motivo mudou, queria ser famoso, ter mulheres e ser tachado como intelectual. Doce ilusão de um jovem. Por volta dos 18, 19 anos, tudo era diferente. Escrever era um momento para esquecer o mundo real, mesmo que escrevesse sobre ele, e entre cigarros e bebidas vivia uma vida que, para mim, era uma realidade alternativa. Resolvi também fazer textos e músicas quando pensei entender algo de violão. Doce ilusão de um jovem.

Ainda não sei nada sobre escrever, sobre violão, sobre fama, sobre mulheres e, quem dirá, sobre ser intelectual, mas hoje sei que a única razão de toda minha trajetória foi pela busca. Busca de que?
De paz. Para mim e para o mundo. Ousado? Sim, mas não era a ideia original. Com o passar do tempo percebi que milhares de pessoas têm os mesmos problemas e buscam soluções de diferentes formas, então percebi que se expusesse meus meios para meus fins, muitas dessas pessoas conseguiriam achar alternativas para seus problemas, não pela minha solução, mas pela minha mostra de que esse problema podia ser resolvido.



Um dia uma moça perguntou se eu era eu. Perguntei por que e ela falou dos meus textos. Tremi! Mas tremi de um jeito que nunca havia tremido. Medo, pavor, vergonha, tudo! Outra vez falaram que minhas letras eram geniais. Não soube onde me esconder. E se me pedissem para cantar? Pela graça de algum deus disseram que eu cantava muito mal, então não me pediriam para cantar. Alívio. Lembro quando disseram que meu livro de poesias trouxe uma paz que a pessoa nunca havia imaginado ter. Nunca me senti tão realizado. Fui convidado para escrever em um site que tenta ajudar pessoas com textos que elevam a moral. Aceitei, mas até hoje não publiquei nem um texto. Não sei elevar a moral das pessoas, sei contar estórias, se elas fazem isso o mérito é delas, não meu. Uma parenta distante me elogiou e disse que tenho uma vasta filosofia. Fiquei bobo por alguém pensar isso de mim, nunca me vi assim. Agradeci e sempre tive vergonha de olhá-la nos olhos novamente.

Um dia pode ser que tudo isso mude. Talvez eu aprenda a ouvir elogios ou, talvez, eu pare de escrever. Talvez eu fique famoso ou, talvez, eu faça o bem a inúmeras pessoas... quem sabe os dois... ou nenhum. Talvez a paz não seja mais minha prioridade agora que estou em paz. Talvez eu aprenda a tomar as decisões que hoje tenho tanto medo. Talvez eu cresça na vida e abra uma padaria e, dia após dia, eu faça pessoas felizes com o meu pão. Quem sabe eu seja um dono de padaria emburrado que as crianças gostem de tirar sarro. Quem sabe eu case, tenha filhos e não faça nada disso. Quem sabe eu conte pra mulher amada que eu sei de suas mentiras e fico admirado em como ela mente olhando em meus olhos e sem pestanejar. Talvez eu caia de cabeça em minha profissão, faça minhas pós-graduações e comece a escrever sobre o ensino de História e suas várias variáveis. Talvez eu fique rico e invista em minhas músicas. Talvez eu caia em uma depressão profunda por perder a mulher que amo. São muitos caminhos e penso que o que acontecerá não está aqui. Pouco me importa. Não planejo mais o futuro, não vivo mais à sombra do passado e agradeço por todos os presentes. Procuro ter fé e buscar o melhor caminho para viver bem enquanto viver. Não temo a morte, mas também não tenho pressa para que ela chegue.

                                       
E digo de coração, de mente e de espírito: sorria pra quem te sorri, sorria para todos que não te sorrirem, sorria a cada perda, a cada tristeza, a cada dor e a cada decepção... sorria sempre. Faça o mesmo com o amor e com o perdão. Nada pode tirar seu sorriso, seu amor, sua paz, somente se você deixar. ‘Somos a resposta exata pro que a gente perguntou!’

Bife’s

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