Sempre que começo a fazer algo de relativa
importância como: TCC, estudar para concursos públicos, sair para arrumar
emprego etc, me surge uma vontade extremamente grande de escrever. Penso que
seja uma fuga das obrigações, convenções e responsabilidades. Isso aconteceu
agora, quando me deparei com uma correção que exigiria muita leitura para
refazer a ideia de um parágrafo do meu Trabalho de Conclusão de Curso.
Quando comecei a escrever, a ideia central
era me libertar de sentimentos ruins que me afligiam. Com o passar dos anos o
motivo mudou, queria ser famoso, ter mulheres e ser tachado como intelectual.
Doce ilusão de um jovem. Por volta dos 18, 19 anos, tudo era diferente. Escrever
era um momento para esquecer o mundo real, mesmo que escrevesse sobre ele, e
entre cigarros e bebidas vivia uma vida que, para mim, era uma realidade
alternativa. Resolvi também fazer textos e músicas quando pensei entender algo
de violão. Doce ilusão de um jovem.
Ainda não sei nada sobre escrever, sobre
violão, sobre fama, sobre mulheres e, quem dirá, sobre ser intelectual, mas
hoje sei que a única razão de toda minha trajetória foi pela busca. Busca de
que?
De paz. Para mim e para o mundo. Ousado? Sim,
mas não era a ideia original. Com o passar do tempo percebi que milhares de
pessoas têm os mesmos problemas e buscam soluções de diferentes formas, então
percebi que se expusesse meus meios para meus fins, muitas dessas pessoas conseguiriam
achar alternativas para seus problemas, não pela minha solução, mas pela minha
mostra de que esse problema podia ser resolvido.
Um dia uma moça perguntou se eu era eu.
Perguntei por que e ela falou dos meus textos. Tremi! Mas tremi de um jeito que
nunca havia tremido. Medo, pavor, vergonha, tudo! Outra vez falaram que minhas
letras eram geniais. Não soube onde me esconder. E se me pedissem para cantar?
Pela graça de algum deus disseram que eu cantava muito mal, então não me
pediriam para cantar. Alívio. Lembro quando disseram que meu livro de poesias
trouxe uma paz que a pessoa nunca havia imaginado ter. Nunca me senti tão
realizado. Fui convidado para escrever em um site que tenta ajudar pessoas com
textos que elevam a moral. Aceitei, mas até hoje não publiquei nem um texto.
Não sei elevar a moral das pessoas, sei contar estórias, se elas fazem isso o
mérito é delas, não meu. Uma parenta distante me elogiou e disse que tenho uma
vasta filosofia. Fiquei bobo por alguém pensar isso de mim, nunca me vi assim. Agradeci
e sempre tive vergonha de olhá-la nos olhos novamente.
Um dia pode ser que tudo isso mude. Talvez eu
aprenda a ouvir elogios ou, talvez, eu pare de escrever. Talvez eu fique famoso
ou, talvez, eu faça o bem a inúmeras pessoas... quem sabe os dois... ou nenhum.
Talvez a paz não seja mais minha prioridade agora que estou em paz. Talvez eu
aprenda a tomar as decisões que hoje tenho tanto medo. Talvez eu cresça na vida
e abra uma padaria e, dia após dia, eu faça pessoas felizes com o meu pão. Quem
sabe eu seja um dono de padaria emburrado que as crianças gostem de tirar
sarro. Quem sabe eu case, tenha filhos e não faça nada disso. Quem sabe eu
conte pra mulher amada que eu sei de suas mentiras e fico admirado em como ela
mente olhando em meus olhos e sem pestanejar. Talvez eu caia de cabeça em minha
profissão, faça minhas pós-graduações e comece a escrever sobre o ensino de
História e suas várias variáveis. Talvez eu fique rico e invista em minhas
músicas. Talvez eu caia em uma depressão profunda por perder a mulher que amo.
São muitos caminhos e penso que o que acontecerá não está aqui. Pouco me
importa. Não planejo mais o futuro, não vivo mais à sombra do passado e
agradeço por todos os presentes. Procuro ter fé e buscar o melhor caminho para
viver bem enquanto viver. Não temo a morte, mas também não tenho pressa para
que ela chegue.
E digo de coração, de mente e de espírito:
sorria pra quem te sorri, sorria para todos que não te sorrirem, sorria a cada
perda, a cada tristeza, a cada dor e a cada decepção... sorria sempre. Faça o
mesmo com o amor e com o perdão. Nada pode tirar seu sorriso, seu amor, sua
paz, somente se você deixar. ‘Somos a resposta exata pro que a gente perguntou!’
Bife’s
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