quarta-feira, 13 de junho de 2012


I

Estava ali atento, esperando a segunda virar terça – como diz Humberto – e ansioso pelo seu próximo texto que viria. Com um pouco de louvação e outro tanto de inveja, comecei a me perguntar como que, para ele, poderia ser tão fácil, como poderia ser tão simples. Quase todas as suas frases são frases que eu gostaria de ter dito, suas análises são análises que eu gostaria de ter feito e isso acabou me causou certo incômodo.

Senti isso outras vezes, duas pra ser sincero. Hermann Hesse e Nietzsche. Só que dessa vez foi algo diferente. Eu havia assistindo ao Pouca Vogal no domingo anoite, estou esperando o ‘Nas Entrelinhas do Horizonte’ chegar as minhas mãos – a Stereophonica conseguiu demorar mais do que o normal para o envio – e ambas as coisas me causaram e causarão fascínio por um longo tempo ainda e foi então que me fixei nas perguntas ali acima.

Lembro-me das descobertas de criança, de adolescente, de quase adulto e de todas as descobertas que virão. Foram fascinantes. Entender (ou pelo menos pensar que entendo) algumas coisas do mundo, da vida, das mulheres e, principalmente, de mim. Um deslumbre, de fato. Foi então que obtive a minha tão procurada resposta. Não é ele, sou eu.
Continuo respeitando a sua forma de arte, de ver o mundo e de entendê-lo. Ainda sei todas as suas letras publicadas. Guardarei com orgulho seus livros e discos na minha estante e, sempre que possível, irei aos seus shows e lançamentos. Quero uma foto ao seu lado e pretendo tê-la em breve, mas algo mudou, porque agora eu entendo que seu brilho é obra minha e entendi que posso ser o brilho de alguém, desde que ela assim o queira.

Sou uma tentativa de músico, misturado com uma frustação de poeta, que tenta ter um gênio intelectual através das ciências humanas e do conhecimento de mundo. Não me vejo acima da massa, nem melhor, apenas desprendido das ilusões que ela ainda insiste em aceitar. Certo ou errado? Não sei. É o modo que escolhi para minha vida e cada ser humano tem que encontrar o seu meio de viver bem consigo e com o mundo. Tarefa difícil, mas digna.

Cada passo é um mundo que se destrói e um mundo que se reconstrói. Somos uma tentativa breve de dominação do meio, um segundo de erro na obra de Deus e da Natureza. Uma contramão numa via de mão única que uma sabedoria superior tentou criar para preservar a sua existência. Mas deu errado, e logo o sistema imunológico dela irá nos retirar de seu corpo.

Agora irei para mais um tentativa de versos, deixando um abraço pro Humberto e com o corpo leve por saber que me desprendo dessas dúvidas também.

Um bom dia, uma boa tarde e uma boa noite.

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