A primeira rinite fundida com uma sinusite, após a
cirurgia que, justamente, iria torná-las improváveis de acontecer, mas, como
sabemos, improvável não é impossível e são palavras que caminham bem distantes.
Tudo bem. Não tirarei conclusões precipitadas sobre a cirurgia, leva tempo para
se adaptar e, de modo geral, foi algo bom.
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Bom. Espetacular. Algo único. Era isso que eu esperava
quando comprei o novo livro do Humberto Gessinger. Minhas preces foram
atendidas. O livro é magnífico, assim como seu autor. Filosofias embutidas em
filosofias de vida – dele é claro – mas genial. Recortes atemporais que fazem
nosso tempo se tornar atemporal enquanto o lemos. Mas como tudo na vida,
seguindo as palavras do HG, tem um lado bom e um lado ruim – exceto os discos
dos Engenheiros do Hawaii, que tem os dois lados bons – e o lado ruim do livro
foi o autógrafo. Porra! É o Humberto. É a sua assinatura. É a sua genialidade.
Escrevendo pra mim. O que eu esperava? Ao menos umas duas rimas. E o que eu
tive? – “Valeu Renan. 1berto Gessinger em 2012.”
Não! Foi como o desabar de um mundo. Uma onda devastadora
levando toda a minha esperança. Ok, ok! Sem dramatizações. É que podemos
perceber melhor o sentimento quando dramatizamos. Mas, sinceramente, eu esperava mais. Não sei
como funciona o mundo dos artistas. Deve ser algo combinado, do tipo: ‘Nossos
versos são nossos, se querem um verso, que comprem um disco, autografem apenas
seus nomes. ’ Uma teoria dentro de várias outras teorias. Na verdade eu não sei.
Como não sei muitas outras coisas. E aqui vai um segredo: eu não quero saber.
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Eu não quero saber como funciona cada peça e aplicativo
do meu computador. Não quero saber como tocar guitarra, violão e outros
instrumentos do melhor modo possível. Não sei tudo sobre filmes e séries de TV.
O mundo das exatas foge de mim de uma maneira que causaria inveja em cineastas
que buscam uma fuga perfeita para os crimes de seus filmes. Sou cético em
relação às evoluções e suas teorias. Mas tudo isso não surge sem
significado. Não sou daqueles
extremistas que desacreditam de tudo, que julgam a tecnologia, que têm milhares
de opiniões sobre o mundo em que vivem, mas que não sabem cuidar do seu próprio
lixo. Eu sou um admirador, um apreciador. Explico.
Eu tenho amigos que fazem isso. Dois mestres da tecnologia. Três generais da música. Um fantástico cinéfilo. Alguns futuros doutrinadores da lei. Um doutor em evolução, mutação, bactérias e outras coisas que não sei o nome, mas que se diz apenas veterinário. E um profundo conhecedor da língua. O que eu faço com eles? Os admiro. Por quê? Que graça teria nossas conversas se eu soubesse tudo o que eles sabem? Que graça teria vê-los tocar violão, guitarra, gaita, etc, se eu soubesse tocar tudo o que eles tocam? E se eu entendesse de tecnologia, que graça teria vê-los desmontar meu computador e eu não ficar com medo de não conseguirem montar mais? E sobre o cinema, então: “Aquele filme é muito bom!” e como resposta receber: Diretor, atores, ano, tipo de filmagem, os detalhes que são a saca do filme, publicidade e etc. É reconfortante. Quando fico doente e, num piscar de olhos, tenho meu diagnóstico. Quando corrigem meus textos e quando me explicam o Universo ou Deus. Aprecio. E jamais tiraria esse poder deles. É um luxo que tenho, maior do que mereço, menor do que desejo. Queria todas as explicações, mesmo que para as mesmas perguntas. Mas isso é difícil, por que temos memória. Gostaria de ver o mesmo solo uma dezena de vezes e cada vez ser outro solo. Opa! Isso é possível. Enfim, o que me fascina é não saber das coisas até o momento da explicação para entender o que elas são. A partir disso, perde a graça. Mas é a vida. Envelhecer. Virar um ancião e poder fascinar as pessoas com as explicações que me fascinavam. Mas antes de tudo, um ancião de mim mesmo. Saber tudo sobre mim antes de saber qualquer coisa sobre o que há lá fora. Só assim poderei fascinar como me fascinam e fascinaram. Só assim terei a absoluta certeza de que a cada dia sei menos e que sempre estarei disponível para ser fascinado. Assim como o tal autógrafo lá do início do texto. É simples. É um nome. Mas em duas palavras ele agradece. Talvez pelo dinheiro. Talvez pela sinceridade. Talvez pela emoção de vender um livro. Talvez como praxe. Mas agradecimento demostra sabedoria e por isso agradeço a cada vez que algo me ensinado ou dado.
Obrigado pelo tempo de vocês. E Humberto, pelas palavras.
Bife's
Eu tenho amigos que fazem isso. Dois mestres da tecnologia. Três generais da música. Um fantástico cinéfilo. Alguns futuros doutrinadores da lei. Um doutor em evolução, mutação, bactérias e outras coisas que não sei o nome, mas que se diz apenas veterinário. E um profundo conhecedor da língua. O que eu faço com eles? Os admiro. Por quê? Que graça teria nossas conversas se eu soubesse tudo o que eles sabem? Que graça teria vê-los tocar violão, guitarra, gaita, etc, se eu soubesse tocar tudo o que eles tocam? E se eu entendesse de tecnologia, que graça teria vê-los desmontar meu computador e eu não ficar com medo de não conseguirem montar mais? E sobre o cinema, então: “Aquele filme é muito bom!” e como resposta receber: Diretor, atores, ano, tipo de filmagem, os detalhes que são a saca do filme, publicidade e etc. É reconfortante. Quando fico doente e, num piscar de olhos, tenho meu diagnóstico. Quando corrigem meus textos e quando me explicam o Universo ou Deus. Aprecio. E jamais tiraria esse poder deles. É um luxo que tenho, maior do que mereço, menor do que desejo. Queria todas as explicações, mesmo que para as mesmas perguntas. Mas isso é difícil, por que temos memória. Gostaria de ver o mesmo solo uma dezena de vezes e cada vez ser outro solo. Opa! Isso é possível. Enfim, o que me fascina é não saber das coisas até o momento da explicação para entender o que elas são. A partir disso, perde a graça. Mas é a vida. Envelhecer. Virar um ancião e poder fascinar as pessoas com as explicações que me fascinavam. Mas antes de tudo, um ancião de mim mesmo. Saber tudo sobre mim antes de saber qualquer coisa sobre o que há lá fora. Só assim poderei fascinar como me fascinam e fascinaram. Só assim terei a absoluta certeza de que a cada dia sei menos e que sempre estarei disponível para ser fascinado. Assim como o tal autógrafo lá do início do texto. É simples. É um nome. Mas em duas palavras ele agradece. Talvez pelo dinheiro. Talvez pela sinceridade. Talvez pela emoção de vender um livro. Talvez como praxe. Mas agradecimento demostra sabedoria e por isso agradeço a cada vez que algo me ensinado ou dado.
Obrigado pelo tempo de vocês. E Humberto, pelas palavras.
Bife's
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