terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sobre despedidas


O fim sempre leva a gente a pensar, seja o fim de um dia de trabalho, seja o fim de um mês que passamos sem dinheiro, seja o fim de um relacionamento, seja o fim de uma graduação ou mesmo a morte.
Não só pensamos como também ficamos tristes, algumas vezes inconformados, outras pensamos serem injustiça e algumas poucas nos culpamos por não conseguirmos evita-las. É uma característica nossa, humanos, mas acredito que ela é injusta em algumas pessoas.

Somos exagerados por natureza, queremos grandiosidades. Queremos pirâmides, queremos templos, queremos o Universo, querendo provar a Deus para nos provar – ou nos reprovar. Animais cujas mentes tomaram proporções que não controlamos, que tememos, que reprimimos e oprimimos e, em algum momento dessa evolução, esquecemos nossos estágios naturais como: felicidade, singeleza, comunidade, entendimento do meio para nosso entendimento e a paz.


Com preguiça de procurar no Google o autor do pensamento que dizia mais ou menos assim: os homens são naturalmente maus, por isso precisam ser ensinados desde crianças a serem bons, não o contrário. Discordo não apenas indo contra, discordo grandiosamente, querendo abolir essa frase do mundo.
Os homens são bons, os homens nascem bons, os homens são animais como todos os outros e os animais não são maus, apenas agem conforme suas necessidades de sobrevivência e foi nesse ponto que o ser humano errou. Nossas necessidades não são necessárias. São ilusões, são construções e não conseguimos sair dessas ilusões.
Pense no seu maior medo e se imagine num mundo onde exista apenas ele. Imagine-se preso nesse mundo, sem chance alguma de sair, vivendo todos os dias aquele horror tremendo. Sinta o pânico que consome suas entranhas, fique sem ar e então verá a realidade.

Temos medo de ficarmos sozinhos, de ficarmos sem dinheiro, de não sermos aceito em uma roda de pessoas ou em um determinado grupo. Temos medo de não agradar o mundo externo, de não sermos vistos como a sociedade pretende nos ver, temos medo de viver e temos medo de morrer. Contraditórios esses humanos. Ainda entenderei qual o conceito de racional para nos definir como tão grandiosos e diferentes dos outros animais.


Acredito que o fim não existe. As pessoas colocam fins as coisas. Penso que sofrimento não existe, há não ser que você queira sofrer – devido às convenções impostas. Mais um ano que se acaba... mas acaba pra quem? Pra um calendário colado atrás de uma porta de cozinha? Pra uma convenção de pessoas que criaram o calendário Gregoriano?

Sinto dizer-lhes, meus amigos, mas eu não sofro um segundo sequer com o fim porque, para mim, o fim não existe. Se um dia sentir saudade irei até cada um que me faz senti-la. Vocês foram importantes e, principalmente, sempre serão, porque não vou esquecer o que passamos juntos.


Hoje sei que quem quer, consegue. Sei que quem sente falta arruma um jeito de se ver e conversar. Sei que culpamos os fins, mas são os meios que os explicam e estes, por sua vez, são explicados pelos inícios. É um conjunto de atitudes e sei que não sofro porque desde o começo fui sincero com cada um que esteve a minha volta. Fiz o que sei fazer de melhor e me desculpo por não ser bom o suficiente, mas quem quiser me ter por perto ainda terá, mesmo estando longe. Alguns que já se foram provam isso.

Bife’s

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Crescer se dividindo


Numas das esquinas da vida, numa bela noite de segunda feira, esbarrei em duas dúvidas que rodeiam a minha existência.
Porque o progresso, a conquista e/ou a felicidade alheia nos causa incômodo?
Porque perto de pessoas que não fazem parte do nosso ciclo rotineiro temos a tendência de querer chamar a atenção?

O passar do tempo, seja ele contado por você ou não, traz alguma sabedoria, alguma arrogância, algumas peculiaridades, algum charme e alguns defeitos. Natural, nos adaptamos ao meio e arrumamos alguma maneira de nos encaixarmos nele do melhor modo possível. Acontece que, como seres humanos, privados da verdadeira sabedoria do mundo – ou levados a acreditar nisso – acabamos por querer competir com quem está ao nosso lado.

Um elogio a mais já gera uma discórdia tamanha, quem dirá um salário três vezes maior, um carro duas vezes mais caro, uma mulher vinte vezes mais linda e, na pior das hipóteses, um sorriso mais sincero?
Na perspectiva de ‘se dá um riso, dá um tiro’, poderia imaginar a execução de inúmeras pessoas, mas, sendo menos dramático, vejo que as pessoas sentem a necessidade de se imporem sobre o outro que é ‘melhor’ em algum aspecto.
Tentam diminuí-la de alguma forma, ofendê-la discretamente, mostrarem-se superiores em algum aspecto, para que a ausência de um elogio seja substituída pelo sentimento de vergonha que o outro passa a ter e que massageia nosso ego.
‘Não sou bom, mas ele também não é tudo isso.’

Um mundo que, como disse milhares de vezes, anda na contramão. Não pensamos mais no coletivo, apenas em cada indivíduo. Não buscamos o crescimento da nação, apenas o crescimento pessoal. Não ajudamos ao próximo, só sustentamos a nosso cobiça e arrogância. Nos dizemos intelectuais, mas não temos a humildade de reconhecer a conquista intelectual dos que estão a nossa volta. A Felicidade alheia é sufocante. O riso alheio dá pânico. O amor real é uma mentira.

Preocupa-me o caminho que a humanidade segue, mas acredito em seu potencial. Se fomos capazes de permanecermos vivos nesse mundo, seremos capazes de controlar o nosso ego, a nossa inveja, a nossa falta de humildade e nossa imensa arrogância.

O progresso de cada um e o seu próprio progresso. A riqueza de cada um é a sua própria fonte de riqueza. Dinheiro é bom, luxo é bom, comodidade é bom, tecnologia é uma maravilha. Ser feliz é uma raridade nesse mundo de contradições, então porque querer isso só pra você?
Conquiste o que é seu e depois ajude o mundo a conquistar também.


Parece poesia de quando eu tinha 15 anos, mas o Sol e a Lua de cada dia só existem pela humildade de cada um deles. Todos podemos brilhar e viver da melhor maneira possível, só precisamos aprender a dividir com o mundo.

Bife’s