terça-feira, 26 de junho de 2012

Um pouco de ironia.


Ironia. É assim que vejo grandes e pequenos acontecimentos do mundo. Talvez seja dessa forma que se explique nossa existência, nosso universo, etc.
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Começarei pelas coisas pequenas, os detalhes:
Cheguei à faculdade hoje e pedi para moça da secretária o certificado de um congresso que fiz no começo do ano. Então ela disse:
            - Vai até a sala do telefone e pede pro rapaz que fica lá, ele que cuida disso.
Ok. Só para confirmar, qual sala?
            - A do telefone.
Ao chegar lá, me deparo com um rapaz no computador e pergunto:
            - Moço, você que cuida dos certificados?
            - Não, é o Patrick.
            - Ele tá por ai?
            - Não, saiu para ligar!
Porra! Ele trabalha na sala do telefone, porque ele saiu pra ligar? Irônico? Ao menos pra mim.
Segue a vida, seguem as ironias. 
Parei diante do espelho ao chegar em casa e fui escovar os dentes. Por sinal, cada vez mais amarelos. Os cabelos, cada vez mais brancos. Não deveria acontecer o mesmo com meus dentes? Irônico? Ao menos pra mim.
Conectado as redes sociais, vagando pela Era Digital, uma ex-namorada resolveu me dar o ar de sua graça. Após terminar o relacionamento de uns dois anos que tivemos, ela achou conveniente me pedir conselhos sobre namoro, porque o dela não estava muito bom. Fiz o que faço de melhor, escutei e tentei colaborar. Irônico? Ao menos pra mim.
Segue a vida, as ironias...

Não sei se existe um dia bom para morrer, mas dias ruins imagino vários, por exemplo: Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo, grande escritor. Morreu no mesmo dia de John F. Kennedy, cinco horas depois. Mal souberam da sua morte. Belo dia pra morrer (ironia)! O mesmo ocorreu com Fred Shuttlesworth. Não conhecem, né?! Foi um reverendo, ativista do movimento negro, a força motora da “histórica marcha pelos direitos civis de 1963”. Sim, a fama foi par Martin Luther King, que caminhou logo atrás dele. O reverendo morreu no mesmo dia de, ninguém menos, que Steve Jobs. Engolido por um, encobrido por outro. Irônico? Ao menos pra eles.
Tirei uma foto no mesmo lugar que Humberto Gessiger, no mesmo dia, pensando em vê-lo e em receber um autógrafo. Não consegui. Talvez conseguisse se chegasse 4 horas antes. Irônico? Ao menos pra mim.


Fiz uma prova em dupla, reclamamos o tempo todo que não sabíamos nada. Tiramos a nota integral. Ironia ou mentira? Vocês escolhem, mas, novamente, achei irônico.

Caindo de sono e cansaço, resolvi escrever esse texto. Irônico? Ao menos pra mim...

Bife's

segunda-feira, 18 de junho de 2012

'A ignorância é uma dádiva'

A primeira rinite fundida com uma sinusite, após a cirurgia que, justamente, iria torná-las improváveis de acontecer, mas, como sabemos, improvável não é impossível e são palavras que caminham bem distantes. Tudo bem. Não tirarei conclusões precipitadas sobre a cirurgia, leva tempo para se adaptar e, de modo geral, foi algo bom.

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Bom. Espetacular. Algo único. Era isso que eu esperava quando comprei o novo livro do Humberto Gessinger. Minhas preces foram atendidas. O livro é magnífico, assim como seu autor. Filosofias embutidas em filosofias de vida – dele é claro – mas genial. Recortes atemporais que fazem nosso tempo se tornar atemporal enquanto o lemos. Mas como tudo na vida, seguindo as palavras do HG, tem um lado bom e um lado ruim – exceto os discos dos Engenheiros do Hawaii, que tem os dois lados bons – e o lado ruim do livro foi o autógrafo. Porra! É o Humberto. É a sua assinatura. É a sua genialidade. Escrevendo pra mim. O que eu esperava? Ao menos umas duas rimas. E o que eu tive? – “Valeu Renan. 1berto Gessinger em 2012.”




Não! Foi como o desabar de um mundo. Uma onda devastadora levando toda a minha esperança. Ok, ok! Sem dramatizações. É que podemos perceber melhor o sentimento quando dramatizamos.  Mas, sinceramente, eu esperava mais. Não sei como funciona o mundo dos artistas. Deve ser algo combinado, do tipo: ‘Nossos versos são nossos, se querem um verso, que comprem um disco, autografem apenas seus nomes. ’ Uma teoria dentro de várias outras teorias. Na verdade eu não sei. Como não sei muitas outras coisas. E aqui vai um segredo: eu não quero saber.

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Eu não quero saber como funciona cada peça e aplicativo do meu computador. Não quero saber como tocar guitarra, violão e outros instrumentos do melhor modo possível. Não sei tudo sobre filmes e séries de TV. O mundo das exatas foge de mim de uma maneira que causaria inveja em cineastas que buscam uma fuga perfeita para os crimes de seus filmes. Sou cético em relação às evoluções e suas teorias. Mas tudo isso não surge sem significado.  Não sou daqueles extremistas que desacreditam de tudo, que julgam a tecnologia, que têm milhares de opiniões sobre o mundo em que vivem, mas que não sabem cuidar do seu próprio lixo. Eu sou um admirador, um apreciador. Explico.
Eu tenho amigos que fazem isso. Dois mestres da tecnologia. Três generais da música. Um fantástico cinéfilo. Alguns futuros doutrinadores da lei. Um doutor em evolução, mutação, bactérias e outras coisas que não sei o nome, mas que se diz apenas veterinário. E um profundo conhecedor da língua. O que eu faço com eles? Os admiro. Por quê? Que graça teria nossas conversas se eu soubesse tudo o que eles sabem? Que graça teria vê-los tocar violão, guitarra, gaita, etc, se eu soubesse tocar tudo o que eles tocam? E se eu entendesse de tecnologia, que graça teria vê-los desmontar meu computador e eu não ficar com medo de não conseguirem montar mais? E sobre o cinema, então: “Aquele filme é muito bom!” e como resposta receber: Diretor, atores, ano, tipo de filmagem, os detalhes que são a saca do filme, publicidade e etc. É reconfortante. Quando fico doente e, num piscar de olhos, tenho meu diagnóstico. Quando corrigem meus textos e quando me explicam o Universo ou Deus. Aprecio. E jamais tiraria esse poder deles. É um luxo que tenho, maior do que mereço, menor do que desejo. Queria todas as explicações, mesmo que para as mesmas perguntas. Mas isso é difícil, por que temos memória. Gostaria de ver o mesmo solo uma dezena de vezes e cada vez ser outro solo. Opa! Isso é possível. Enfim, o que me fascina é não saber das coisas até o momento da explicação para entender o que elas são. A partir disso, perde a graça. Mas é a vida. Envelhecer. Virar um ancião e poder fascinar as pessoas com as explicações que me fascinavam. Mas antes de tudo, um ancião de mim mesmo. Saber tudo sobre mim antes de saber qualquer coisa sobre o que há lá fora. Só assim poderei fascinar como me fascinam e fascinaram. Só assim terei a absoluta certeza de que a cada dia sei menos e que sempre estarei disponível para ser fascinado. Assim como o tal autógrafo lá do início do texto. É simples. É um nome. Mas em duas palavras ele agradece. Talvez pelo dinheiro. Talvez pela sinceridade. Talvez pela emoção de vender um livro. Talvez como praxe. Mas agradecimento demostra sabedoria e por isso agradeço a cada vez que algo me ensinado ou dado.
Obrigado pelo tempo de vocês. E Humberto, pelas palavras.

Bife's

quarta-feira, 13 de junho de 2012

E o mundo real?


Uma relação para tudo? Uma relação do mundo? Uma relação de 7 bilhões de  pessoas? Seria isso possível? Seria possível uma ligação para isso?

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Num passado remoto, num futuro distante, a única coisa que nos separa é o presente. A única coisa que nos separa somos nós mesmos.
Inventamos verdades através de ilusões para fugirmos das mentiras de nossas vidas. Nos sentimos e nos vemos superiores ao resto do mundo e dos seres que nele vivem. Criamos tecnologia para buscarmos uma fuga para nosso tempo que se esvai, pelos dedos de nossas mãos, sem que nada possamos fazer. Contemplamos memórias, fizemos um elo com o passado e com o futuro porque temos medo do que pode ser a morte, então arrumamos um meio de nos eternizarmos, de não sermos esquecidos.
Tudo pode ser construído, basta apenas imaginar e ter dinheiro, mas não conseguimos um caminho para fugirmos de nosso destino, do nosso ‘triste’ fim.

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A foto, além do trecho acima, me mostra algumas coisas que foram, que são e que serão uma relação entre tudo e entre todos, desde nosso passado, até o futuro mais distante.
Desde o início, a música foi algo que existiu em todos os lugares, onde quer que houvesse um número de pessoas agrupadas ela era entoada. Fosse para louvar a um deus, para pedir por uma chuva, para ir à caça, por respeito aos mortos, por proteção, para ensinamento, etc. Ela é algo que uniu o mundo todo e que nos remete a um passado em comum, onde não havia tanta distinção entre os seres humanos.
Com o passar dos séculos, as comunidades até então agrupadas, que viviam em prol de um bem maior, começaram a se desfazer.
Ambição e cobiça estão incluídos no gene de nós, humanos, mas desde que ela se tornou prioridade para quase todos, o mundo tomou um rumo inesperado, invisível aos olhos de muitos pensadores de tempos remotos e aos nossos também. Não vemos como as pessoas vivem distantes no mundo de hoje, conectadas por tecnologias que, ao invés de aproximar, distanciam. Ficamos acomodados por trocar algumas mensagens de celular, por enviar alguns e-mails, uma janela de bate-papo em uma rede social ou uma webcam para vermos um rosto que não vemos há tempos. E o aperto de mão? O abraço? A cerveja no bar? Os devaneios filosóficos ao longo da madrugada? As risadas sinceras? Os amigos reais? Os amores sinceros? E dizem que pra estar junto não precisa estar perto. Frase de um mundo desconexo e conectado. Ficamos bitolados no mundo virtual e esquecemos o mundo real. Eu sinto falta do mundo real.
Lembro-me do mundo a 7 ou 8 anos atrás e ele não era assim. Onde foram parar todos aqueles amigos? Todo dia reunidos na cada de um ou de outro. Era uma vida mais ativa, era um tempo que o mundo se movimentava, e agora estamos numa era de um mundo estagnado. Tudo desenvolve, mas a mente humana parece ir para trás, ‘involuir’.
Vejo o chimarrão, em tempos antigos era a mesma erva-mate, só que gelada e em uma roda de amigos. Cigarro, violão, risadas e – por incrível que pareça – vivíamos sem os computadores e os celulares e nunca deixamos de nos falar. E agora me pergunto: Com toda essa tecnologia, faz quanto tempo que não falo com eles/as?

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Hoje bebo o chimarrão sozinho, sentado na frente de um computador, com dois violões e apenas uma pessoa para tocá-los.
A morte sempre esteve presente como medo nos humanos e irá estar por longos tempos ainda. A música foi, é e será uma forma de expressão, de libertação, de purificação e de louvação em todos os povos. A tecnologia esta e estará sendo parte fundamental e principal da vida de bilhões de pessoas, todas conectadas entre si. E o mate? Espero que me leve a encontrar alguém que ainda viva no mundo real, que  goste de uma boa conversa e de uma boa companhia.

Bife's

II


A centésima postagem vem na forma de um modelo que pretendo seguir dela em diante.
Saindo um pouco da linha de apenas versos ou apenas textos, o que pretendo fazer agora é uma junção, uma fusão ou uma união de ambas. Talvez explicando a poesia, talvez um contexto para encaixá-la, talvez o motivo que me levou a produzi-la ou apenas um pouco de divagação antes dos versos, mas tentando manter esse método de agora em diante.

Dia 10/06, domingo passado, fomos a cidade de Garça, no interior do estado de São Paulo, cerca de 200 km de minha atual residência, para assistir o show do power duo gaúcho, formado por Humberto Gessinger e Duca Leindecker, intitulado de Pouca Vogal. Como fã sem precedentes de Engenheiros do Hawaii e tendo um breve conhecimento de Cidadão Quem, resolvi me aventurar e conhecer uma das pessoas que mais admiro. Foi algo sem tamanho. Ainda não existem palavras na gramática que possam descrever esse acontecimento. Uma obra de arte vê-los tocar. Humberto com sua arrogância que o acompanha desde sempre e Duca, mesmo que um pouco encoberto pelo companheiro de estrada, mas genial. Simpático, sorridente, mostrando o que é possível e impossível fazer com seis cordas de uma guitarra. Transcendente a experiência.


O que me leva ao contexto feminino. Muitas vezes falta essa experiência transcendental a muitas delas, outras tantas as vejo tão impressionadas com o mundo terreno que me pergunto de onde vem tamanha distância entre uma e outra. Quando me deparo com respostas que nem sempre seriam as melhores. Falta dedicação, falta amor, falta vontade por parte do lado masculino e isso acaba causando repulsa em muitas gurias que vejo e convivo. Isso as torna desinteressadas, desiludidas, distantes dessa relação e carentes de diversas maneiras, talvez seja exatamente isso que eu queira analisar.


Lembro-me do primeiro dia
Foi quase como uma fuga
Correu de mim até em pensamentos
Mesmo sem eu dizer coisa alguma

Uma breve aproximação
Uma leve troca de palavras
Um sorriso quase sincero
E me afastei sem dizer nada

Quando passei por ela
Ofereceu-me o lugar ao seu lado
Sentei apenas por um instante
E ela sentiu um arrepio inesperado

As dúvidas a inquietam
Não sabe se brinco
Ou se digo a verdade
Sei que sente medo e que tem curiosidade

Por tudo que passou
Tem receio, mas quer se deixar levar
Acredita que esse possa ser verdadeiro
Assim como todos os outros que viu passar!

Assim é a vida, assim é o jogo. Brincam uns com outros até o momento que se acertarem com emoção, com sentimento, com vontade. A brincadeira as deixam sensíveis, carentes, desencantadas, quando você percebe isso fica fácil fazer a sua jogada. Mas não seja como todos os outros, isso elas tiveram demais, se for pra abrir o campo minado do caminho ao coração delas, faça isso de um jeito que elas não sofram mais.

Bife's

Pra muitos que passaram e pro's que passarão

E mesmo que mude
Quase sempre é igual
Quando algo nos reune
Tudo volta ao normal

Falo dos amigos
Falo da mulher amada
Falo do passado e do futuro
Falo do tudo e do nada

Não importa quem entre no caminho
Quem não queira ajudar
Quanto mais nos separam
Mais juntos tendemos a ficar

É, e sempre tende ser assim
Porque sabemos como é bom nos unir
Separados, e cada vez mais juntos
Relembrando os reais motivos de sorrir

E mesmo que todos mudem
A mim será sempre igual
E mesmo que eu fique sozinho
Todos, e ela, terão tido algo em especial.

Bife's

A vida que te mata.

Quando se encontra a razão
Quase tudo esta perdido
Quando nada esta correto
Quase tudo faz sentido

É assim que vejo as coisas
E é assim que as sinto
Porque sinto quando não penso
Quando penso, sei que minto

E às vezes é olho que te cega
Noutras tantas é a boca que te cala
É a sobriedade que te embebeda
E é a vida que te mata

E morre-se a cada dia
Quanto mais se vive, mais se morre
Enquanto a vida não descansa
A morte espera sentada

É a mágica da viagem
Uma viagem só de ida
Tem uns que na vida veem morte
E os sábios, que na morte veem vida.

Bife's
Vai ficando pra trás
Como tudo o que a gente faz
Com um ar de quero mais
Com saudade? - mas em paz

Sinto falta de sentir
A saudade ao te ver partir
De não querer deixar você ir
E a alegria em te ver sorrir

De caminhar de mãos dadas
Com as presas atadas
A loucura calada
Fazendo se sentir amanda

Fica tudo pra trás
Numa memória que jaz
Num momento sem paz
Isso tudo se refaz

Penso no que seríamos
Penso no que sentiríamos
Penso no que veríamos
E no que viveríamos

E vai!
Como o mal que sai
O sentimento que esvai
Em silêncio, sozinho, o seu mundo cai.

Bife's

Pr'um futuro remoto!

Reconheço o erro do engano
De uma busca que fica a mais de 10 mil léguas
Do coração dos 12 mil cavaleiros
Que criaram a alma desse poeta

Fundido a medo e solidão
Um pouco de paz e um pouco cético
Calado fico só rezando
Ou quando é vazia a alma que me cerca

Perdi quase tudo o que eu tinha
A calma, a paz e a serenidade
Quando vi que era tudo o que precisava
Dei valor inestimado na simplicidade

Dos amores que eu tive
Quase todos vi passar
De mulheres a amigos
Vi que comigo vou ficar

Eu não sei o que procuro
Nem tampouco o que desejo
Tenho um sonho de futuro
Num mundo que não vejo

Que não vejo e que não vivo
Que deixo como ambição
A ambição de um mundo unido
Na paz, no amor e na alegria em cada coração

Bife's

Ao futuro de agora.

Aos tempos que foram
As pessoas que não fomos
A tudo que não nos tornamos
Ao milagre que somos

Aos amigos que somos
As alegrias que somamos
As brigas que passamos
Aos amigos que foram

Nossa rotina semanal
Nossa dor irracional
Num futuro irreal
Onde tudo seria igual

A dor que pensei que sentiria
Hoje sei que é alegria
O sofrimento que passaria
É a alegria de mais um dia

Os melhores já foram
E mais unidos já fomos
E o que nos tornamos
É um reflexo de tudo o que somos

Bife's

Ela!

Ela se mostra impossível
Se mostra distante e quieta
Tem o nariz empinado
E tenta se mostrar esperta

Livre de apegos
Liberdade é seu caminho
Independente em sentimentos
Carente de carinho

Nega tudo o que falo
Nega o que sente e o que sinto
Amo o modo que mente
Lê o modo que minto

Despreza minha companhia
E minhas tentativas de aproximação
Uma pessoa com tanto ego
Que deixa livre seu coração

Não tem defesas concretas
Precisa de companhia e atenção
Pois seu mundinho de estrela
Ficou no vazio da solidão

É tempo o que preciso
É discrição o que você quer
Eu desvendei o que você sente
Nas mentiras que te tornam única como mulher.

Bife's

I

Estava ali atento, esperando a segunda virar terça – como diz Humberto – e ansioso pelo seu próximo texto que viria. Com um pouco de louvação e outro tanto de inveja, comecei a me perguntar como que, para ele, poderia ser tão fácil, como poderia ser tão simples. Quase todas as suas frases são frases que eu gostaria de ter dito, suas análises são análises que eu gostaria de ter feito e isso acabou me causou certo incômodo.

Senti isso outras vezes, duas pra ser sincero. Hermann Hesse e Nietzsche. Só que dessa vez foi algo diferente. Eu havia assistindo ao Pouca Vogal no domingo anoite, estou esperando o ‘Nas Entrelinhas do Horizonte’ chegar as minhas mãos – a Stereophonica conseguiu demorar mais do que o normal para o envio – e ambas as coisas me causaram e causarão fascínio por um longo tempo ainda e foi então que me fixei nas perguntas ali acima.

Lembro-me das descobertas de criança, de adolescente, de quase adulto e de todas as descobertas que virão. Foram fascinantes. Entender (ou pelo menos pensar que entendo) algumas coisas do mundo, da vida, das mulheres e, principalmente, de mim. Um deslumbre, de fato. Foi então que obtive a minha tão procurada resposta. Não é ele, sou eu.
Continuo respeitando a sua forma de arte, de ver o mundo e de entendê-lo. Ainda sei todas as suas letras publicadas. Guardarei com orgulho seus livros e discos na minha estante e, sempre que possível, irei aos seus shows e lançamentos. Quero uma foto ao seu lado e pretendo tê-la em breve, mas algo mudou, porque agora eu entendo que seu brilho é obra minha e entendi que posso ser o brilho de alguém, desde que ela assim o queira.

Sou uma tentativa de músico, misturado com uma frustação de poeta, que tenta ter um gênio intelectual através das ciências humanas e do conhecimento de mundo. Não me vejo acima da massa, nem melhor, apenas desprendido das ilusões que ela ainda insiste em aceitar. Certo ou errado? Não sei. É o modo que escolhi para minha vida e cada ser humano tem que encontrar o seu meio de viver bem consigo e com o mundo. Tarefa difícil, mas digna.

Cada passo é um mundo que se destrói e um mundo que se reconstrói. Somos uma tentativa breve de dominação do meio, um segundo de erro na obra de Deus e da Natureza. Uma contramão numa via de mão única que uma sabedoria superior tentou criar para preservar a sua existência. Mas deu errado, e logo o sistema imunológico dela irá nos retirar de seu corpo.

Agora irei para mais um tentativa de versos, deixando um abraço pro Humberto e com o corpo leve por saber que me desprendo dessas dúvidas também.

Um bom dia, uma boa tarde e uma boa noite.